Estudo da UFC aponta falhas em análise ambiental e preocupa moradores de Santa Quitéria e Itatira
A exploração de uma mina de urânio e fosfato no Ceará voltou a ser alvo de debate após um estudo técnico da Universidade Federal do Ceará (UFC) questionar a viabilidade do Projeto Santa Quitéria (PSQ). O documento, solicitado pelo Ministério Público e entregue em fevereiro, aponta riscos à água, biodiversidade e saúde humana. A empresa responsável pelo empreendimento defende a segurança da operação, mas o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ainda analisa os impactos antes de conceder a licença.
Impactos ambientais e riscos à população
A mina de urânio e fosfato está planejada para operar entre os municípios de Santa Quitéria e Itatira, nos Sertões de Crateús e Canindé. Segundo os pesquisadores da UFC, há falhas nos estudos ambientais apresentados pelo Consórcio Santa Quitéria, formado pelas empresas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e Fosfatados do Norte-Nordeste S/A (Fosnor).
O parecer técnico destaca problemas como insuficiência de dados sobre a qualidade da água, subestimação dos impactos sobre a fauna e flora, e a ausência de uma abordagem aprofundada sobre os riscos à saúde humana. “O urânio é um metal pesado, e seus efeitos podem causar danos ao sistema nervoso, reprodutivo e aumentar os riscos de câncer”, alerta a professora Raquel Rigotto, da Faculdade de Medicina da UFC.
População teme consequências
Moradores da região expressam preocupação com a possibilidade de contaminação radioativa. Iara Fraga de Santana, professora da Universidade Estadual do Ceará (UECE), afirma que muitas comunidades vivem com medo do impacto da mineração. “Além da extração, há o risco do transporte do urânio, que pode afetar diversos municípios ao longo do trajeto”, explica.
O Ibama, responsável por avaliar a viabilidade do projeto, reforçou que o parecer da UFC será levado em consideração na decisão final sobre a concessão da licença. Além disso, a população terá até 30 dias após a audiência pública para apresentar contribuições ao processo.
Próximos passos
O debate sobre a exploração da mina segue intenso. Mais uma audiência pública está marcada para esta quinta-feira (13), em Itatira, onde serão discutidos os impactos socioambientais do empreendimento. O Ibama tem até o final do primeiro semestre de 2025 para emitir seu parecer técnico sobre a viabilidade da mineração.
Enquanto isso, moradores, especialistas e órgãos ambientais seguem acompanhando o caso, exigindo mais transparência e segurança na tomada de decisões.